Textos em Diáspora de José Augusto Ramos recenseados na Brotéria

17.09.2024

No mais recente número da revista Brotéria (Agosto/Setembro 2024), Francisco Martins SJ escreveu uma recensão crítica dupla aos Textos em Diáspora: o Homem e o Tempo Textos em Diáspora II: Deuses e Hermenêutica, livros editados pelo Centro de História da Universidade de Lisboa como suplementos da Cadmo. Revista de História Antiga. A revista Brotéria pode ser encontrada e adquirida aqui. O autor considera que "Numa época de crise das Humanidades, quando o interesse pelas culturas pré-clássicas e clássicas e as respetivas línguas conhece um assinalável declínio, sobretudo em âmbito escolar e universitário, os textos de José Augusto Ramos esboçam uma possível via de superação. O método de análise textual adotado privilegia o desvelamento das interrogações que animam e provocam a escrita, seja ela de cariz mitológico, épico, poético ou tratadístico. Avizinhando os leitores contemporâneos a estes textos milenares por este caminho, evita-se os escolhos decorrentes de leituras que ou absolutizam as respostas dadas ou as reduzem, menorizando-as, ao contexto.”

 

Os textos recolhidos e compilados nestas duas obras foram sendo escritos e publicados de forma dispersa ao longo de mais de trinta anos, ao sabor de circunstâncias e em condições sociais, institucionais e pessoais que condizem bem com os matizes e o horizonte epistemológico característicos de uma diáspora. Estão neste horizonte as interrogações que constituem o motor de busca bem explícito em alguns deles e se encontram implicitamente presentes e eficientes por dentro de quase todos. A diáspora é um espaço de permanentes interrogações e desafios inesperados. Pelo facto de significar saída e dispersão, a diáspora acaba por intensificar um estado de concentração no fluxo interior de conteúdos provenientes das raízes que geram identidade. É um movimento de saída que vai despoletando momentos de reencontro e valorização relativamente ao património de identidade que qualquer migrante carrega consigo como bagagem interior.

 

Considerado pelos seus pares como um dos mais importantes biblistas e tradutores portugueses do século XX, assim como um dos grandes historiadores portugueses da Antiguidade e da História do Judaísmo, José Augusto Ramos é autor de uma extensa obra publicada, tendo desenvolvido intensa atividade de investigação e de docência da História e das línguas antigas ao longo de mais de 50 anos, quer na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, quer em outras universidades portuguesas e estrangeiras. Além de professor e investigador, José Augusto Ramos teve um papel determinante em múltiplos projectos de tradução da Bíblia para português, nomeadamente da Bíblia dos Franciscanos Capuchinhos, na qual também desempenhou tarefas de coordenação dos trabalhos, no projecto de tradução interconfessional para língua portuguesa e no atual projecto de tradução da Conferência Episcopal Portuguesa.