Seminário
Frontiers and Peripheries: From al-Andalus to the Present | Fronteiras e periferias: O al-Andalus ao Mundo de Hoje
13 de Janeiro de 2022
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | Sala B3
Organização: AbdoolKarim Vakil (King’s College London)
Sérgio Campos Matos (Centro de História)
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Apresentação
O tempo que vivemos é simultaneamente marcado por um processo de mundialização de longa duração e por resistências a esse processo que fomentam fragmentações nacionais e regionais. Acentuam-se interdependências, afirma-se uma consciência cosmopolita, esbatem-se fronteiras. Mas há fortes movimentos de sinal contrário que se traduzem em nacionalismos étnicos e radicais, xenofobia, levantamento de fronteiras, exclusões. Neste contexto os tópicos que nos propomos debater em múltiplas perspectivas – histórica, sociológica, antropológica – assumem o maior interesse.
Fronteiras delimitam territórios, também simbolicamente. Separam mas também unem: em certas regiões fronteiriças periféricas em relação ao estado central, há intensa circulação de mercadorias, de pessoas, de ideias. São regiões em que trocas culturais, fenómenos de osmoses e hibridismos linguísticos, étnicos, religiosos se tornam evidentes. Noutros casos, há regiões de fronteira despovoadas e esquecidas. Noutras ainda, erguem-se muros.
Estudar fronteiras e periferias não implica só convocar casos específicos de áreas geográficas e territórios dependentes administrativamente de poderes regionais ou locais. Interessa estudar políticas de transporte e comunicações, o impacto de contrabandos, movimentos migratórios e de refugiados, circulação de exilados. Há regiões periféricas que se tornam centros de grande dinamismo cultural e económico.
Se há fronteiras entre regiões, não devem esquecer-se entre grupos sociais, interesses económicos, ideários políticos, linguagens socialmente condicionadas, fronteiras entre mentalidades. Mas há também fronteiras entre disciplinas, departamentos, modos de ver o mundo, conceptualizações identitárias anacrónicas que por vezes espartilham a realidade e reduzem a complexidade dos problemas humanos.
Convocando uma geografia alargada, pretende-se neste primeiro encontro privilegiar o espaço atlântico, envolvendo a Europa e a África, sem esquecer o Mediterrâneo.
Programa
Sessão I (10:00-11:15)
Translation as border thinking: revisiting the contact zone
António Sousa Ribeiro CES e FLUC
Nação, Europa, Muçulmanos: racialização como fronteira
AbdoolKarim Vakil King's College London
Sessão II (11:30-12.45)
Zonas de contacto, transculturação e diplomacia na África Oriental
Maria Eugénia Rodrigues CH-ULisboa
Do Al Andalus às ilhas atlânticas: a sobrevivência de uma representação de fronteira militar nos Açores (XV-XVIII)
José Damião Rodrigues CH-ULisboa
13:00-14:00 Almoço
Sessão III (14:00-15:30)
Europe, decentred: Imagined Geographies in the Legends of the Youthful Cid
Julian Weiss King's College London
A fronteira entre a periferia e a criação de centralidades. O caso da Ibéria medieval
Hermenegildo Fernandes CH-ULisboa
Romanticismo y literatura fronteriza: La memoria histórica de los moriscos en El feri de Benastepar, de Hué y Camacho
Daniel Muñoz Sempere King's College London/ U. Cadiz
Sessão IV (16:00-17:30)
Da Fronteira como Facto(r) Histórico
Luís Filipe Barreto CH-ULisboa
Conceptualizações e metáforas da fronteira: aproximação e distância na construção do Estado-nação
Sérgio Campos Matos CH-ULisboa
Frontera y nación. Narrativas territoriales en la península Ibérica en el siglo XIX
César Rina Simón U. Extremadura