O Atlântico Ibero-Americano (séculos XVI-XX) - Resistências: desafios de uma agenda historiográfica – 2018

Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 22 de Maio de 2018, Sala 1, às 15:00

Organização | Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (Universidade de Évora), Centro de História da Universidade de Lisboa, Centro de Humanidades (FCSH/Universidade Nova de Lisboa e Universidade dos Açores), Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

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Toby Green
Departments of History and Spanish, Portuguese and Latin American Studies
King's College London

Dinheiro e Comércio: Uma Perspetiva Diferente Sobre o Trato na África Atlântica

A maior parte da historiografia sobre a história da África Atlântica entre os séculos XVI e XIX tem enfoque na escravidão. Facilmente se percebe esta conjuntura, dada a importância do trato no desenvolvimento dos engenhos e economias ocidentais naquela época, e a crueldade e efeitos duráveis sobre a gente escravizada e sobre as economias e estados da mesma África. Recentemente, economistas como Nathan Nunn argumentaram que o subdesenvolvimento dos países africanos pode ser relacionado com a história do trato, enquanto que o filósofo e crítico Achille Mbembe defende que traços fundamentais da pós-colonialidade podem ser encontrados numa história mais longínqua, onde se inclui também o trato.
A minha abordagem parte de esta perspectiva com o intuito de repensar, de algumas formas, esta concentração da historiografia. Demonstrando que as suas raízes remontam à historiografia inglesa da abolição, argumento que esta concentração se justifica, sobretudo, pela ligação imediata na mente ocidental entre a história de África e a escravidão. São múltiplos os problemas que resultam desta perspectiva, incluindo o enfoque na vitimização da população africana e nas dinâmicas de diáspora quando se fala da história de África.
Um dos temas relegados para segundo plano por esta historiografia é a importância da moeda. Recorrendo a exemplos de Angola e da Senegâmbia, sugiro que uma perspectiva desde a economia abrirá portas a novas interpretações historiográficas, tanto de África como da economia do trato. Argumento que para que a história de África alcance uma abordagem verdadeiramente africanista, a história atlântica terá que ir mais além da escravidão.

Alexandre Martins de Araújo
Universidade Federal de Goiás

Questões Socio-Ambientais em Realidades Rurais Quilombolas e Indígenas na Região Centro do Brasil

Hoje, as populações quilombolas e indígenas do Brasil Central apesar de suas diferenças históricas, como por exemplo, origem étnica e formas de manejo de seus territórios tradicionais, dividem um mesmo e tenebroso dilema representado pelo difícil convívio com as populações não indígenas e não quilombolas que insistem em invalidar seus complexos sistemas bioculturais e socioecológicos com base em velhos e desgastados pretextos desenvolvimentistas da racionalidade neoliberal. Aqui, nesta breve discussão, pretendemos abordar, além dos desafios interculturais de se viver entre dois mundos, também algumas estratégias de enfrentamento, levadas a cabo por essas minorias em defesa de suas cosmogonias e de seus ambientes. Nota bibliográfica

Alexandre Martins de Araújo: nasceu em 1965 na cidade de Goiânia, Brasil. É graduado, especialista e mestre em História. Durante o doutorado pesquisou as relações culturais entre as populações indiana e afrodescendente da colônia de Trinidad e Tobago, sob a orientação da professora Dra. Olga Cabrera, com quem trabalhou, durante nove anos, no Centro de Estudos do Caribe no Brasil - CECAB. Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Goiás, nos curso de História e Licenciatura Intercultural Indígena. Tem se dedicado a pesquisas socioambientais entre comunidades quilombolas e indígenas do Brasil Central. Também desenvolve projetos agroecológicos e de educação ambiental entre populações migrantes, residentes em setores periféricos da capital do Estado.