2018 A história em debate | Como se comunica a cultura histórica?
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 6 de Dezembro de 2018, Sala Virigínia Rau (instalações CH-ULisboa) das 17:30 às 20:00
Organização | Centro de História da Universidade de Lisboa
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III. Como se comunica a cultura histórica?
o historiador e os seus públicos
a história nos mass-media: internet, tv, rádio, imprensa periódica
o historiador e as editoras: a pressão do mercado e as sínteses de história nacional
usos públicos da história: turismo cultural e revivalismos (celtismo, medievalismo)
expressões e dinâmicas da memória local
nas fronteiras da academia: crítica, comentarismo e ensaísmo
No percurso da sua constante transmissão, o passado das sociedades é repetidamente interpretado e transformado. Em cada presente esse trinómio ‘transmissão-interpretação-transformação’ define a relação entre a sociedade e o seu passado, i.e., aquilo que é denominado cultura histórica. Um dos objetivos da análise da cultura histórica é estudar a consciência histórica social – a elaboração social da experiência histórica e a sua presença na vida comunitária – tendo em conta a coexistência de múltiplos focos de criação dessa consciência, a heterogeneidade dos agentes envolvidos na sua transmissão e a sua sedimentação, que se traduz na permanência de representações, imagens, valores, ideias do passado. Uma caracterização mais alargada da cultura histórica, mais próxima dos conceitos de memória histórica, memória colectiva e políticas da memória – e de história pública, incluindo as representações do passado presentes nos mass-media –, sublinha a importância da interpretação e compreensão dos fenómenos de concepção, modificação e difusão de determinadas imagens do passado nem sempre coerentes e socialmente operativas.
Os historiadores, e especialmente aqueles que desenvolvem estudos focados em questões teóricas, participam activamente nos debates sobre a relação entre a história e a sociedade. No entanto, o papel desempenhado pelos historiadores profissionais ou académicos como formadores e agentes transmissores da consciência histórica é limitado. Esta limitação parece relacionada com o relativamente reduzido peso que eles têm no desenvolvimento das dinâmicas que activam a divulgação histórica: a história presente nos mass-media (em filmes, séries de televisão, documentários, programas de rádio, webs, blogs), a história transmitida pelas editoras (em revistas de divulgação, manuais, sínteses, jornais, romances, bandas desenhadas), as políticas de turismo cultural desenvolvidas por entidades públicas e privadas, as variadas expressões da memória local, revivalismos (como o celtismo ou o medievalismo), os debates históricos situados nas fronteiras da academia, etc. Importa debater essas limitações e ultrapassá-las. Sobre as maneiras de fazê-lo, subjaz uma questão fulcral – a função social dos historiadores – com profundas consequências presentes e futuras, dentro e fora da academia.
Covadonga Valdaliso
Mesa-redonda com: Manuela Santos Silva (U. Lisboa), Carlos Fabião (U. Lisboa), Pedro Guerreiro Martins (U. Nova de Lisboa), Hermenegildo Fernandes (U. Lisboa)
comentário: Mª Alexandre Lousada (U. Lisboa)
moderadora: Covadonga Valdaliso (U. Lisboa)
Organização: Sérgio Campos Matos, Covadonga Valdaliso, José Guedes de Sousa
Grupo de Investigação Usos do Passado, Centro de História