Os boatos de alforria e as revoltas escravas em perspectiva atlântica: entre Carrancas (Minas Gerais – Brasil) e São Tomé e Príncipe (África) | Ciclo de Seminários de História de África | Seminários CH-ULisboa
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sala D. Pedro V - 8 de Fevereiro de 2017, 18:00
Organização | Centro de História da Universidade de Lisboa
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O Centro de História da Universidade de Lisboa promove o seminário de História de África, um espaço regular de debate e reflexão sobre as problemáticas actuais deste campo de estudos. Valorizam-se as continuidades e descontinuidades dos mundos africanos e seus diferentes contextos, na longa duração da história do continente e do seu envolvimento nas dinâmicas da história mundial. Em articulação com o programa pós-graduado na especialidade de História de África da FLUL, este seminário oferece tanto a especialistas como jovens investigadores, nacionais ou internacionais, a oportunidade para discutir perspectivas historiográficas e apresentar pesquisas em curso.
É convidado desta sessão o professor Marcos Ferreira de Andrade da Universidade Federal de São João del-Rei.
O objetivo da conferência consiste em discutir a importância dos boatos de alforria no desencadeamento de levantes de escravos, considerando as experiências históricas ocorridas no Brasil e na África, no ano de 1833. A revolta dos escravos no Brasil foi mais dramática e ocorreu na freguesia de Carrancas, comarca do Rio das Mortes na província de Minas Gerais. Já a da ilha do Príncipe, não foi adiante, mas a promessa de liberdade dos escravos deixou as autoridades de São Tomé e Príncipe em estado de alerta. O que os dois acontecimentos têm de semelhante é que ambos ocorreram em um contexto de dissensão política e de disputa pelo trono português, e que, de certo modo, estão intrinsecamente ligados aos dois eventos. Do lado brasileiro, apesar de a independência do Brasil haver se consumado havia 11 anos, a perspectiva da restauração do trono de D. Pedro I era acalentada por um grupo designado de caramurus, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, mas que possuía ramificações em outras províncias, como por exemplo a de Minas Gerais. Do outro lado do Atlântico, o retorno de D. Pedro e a defesa do trono em favor de sua filha contra D. Miguel, também esteve associada à tentativa de sublevação dos escravos na ilha do Príncipe. O desafio proposto consiste em estabelecer algumas conexões e distinções entre os dois eventos.