Guerra no Feminino #1
Miguel Pack Martins sobre «As Viviandières da Grande Armée»

9 de Outubro de 2023 | 18h00-19h00

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | Salas B112.C

Coordenação | Augusto Salgado e Miguel Pack Martins

Grupo de investigação | História Militar

O seminário será exibido na plataforma Zoom. Aceda ao link aqui.

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Seminário 1 | 9 de Outubro de 2023 | Sala B112.C | 18h00-19h30

Miguel Pack Martins (CH-ULisboa) sobre «As Viviandières da Grande Armée»

 


 

Resumo:

“Muitas cantinières era tão corajosas como os granadeiros mais veteranos”.  Capitão Elzéar Blaze - Souvenirs d'un officier de la Grande armée. La Vie militaire sous le Premier Empire.

O papel das vivandières e cantinières nos exércitos da Revolução Francesa e, mais tarde, na Grande Armée, era simples: deveriam ser esposas de militares (soldados e sargentos), lavar a roupa dos soldados, servir a comida deles nas cantinas e a vender bebida, tabaco e outros produtos aos militares. Eram sobreviventes do decreto de 30 de Abril de 1793, que no artigo 11º expulsou todas as mulheres do exército, salvo as vivandières. Era uma resposta à indisciplina vigente no exército e à presença de prostitutas nos campos militares, contudo a expulsão contemplou também as mulheres que pegaram em armas e combateram como soldados nos primeiros anos das Guerras da Revolução Francesa. No entanto, muitas não deixaram de alistar-se no exército, disfarçadas de homens, como a vivandière Marie-Thérese Figueur, que, mesmo depois de descoberta, continuou a servir o exército francês. Quanto às vivandières e cantinières, elas construíram também o seu legado, indo mais além que o papel de simples serventes. Acompanharam os exércitos em marcha e estiveram na frente, servindo como enfermeiras, buscando muitas vezes os feridos, levando água aos soldados, cujas bocas ficavam secas de morder os cartuchos de pólvora, e muitas vezes pegaram em armas para combater o inimigo. Muitas eram bem vistas pelos seus regimentos e outras nem tanto pelo dinheiro que faziam no contrabando. Citando Terry Crowdy, elas eram importantes no funcionamento de um campo militar e essenciais quando um exército marchava. Este seminário, tem como objectivos mostrar a importância destas mulheres na Grande Armée e o seu legado na epopeia militar napoleónica.

 

Nota biográfica: Miguel Pack Martins nasceu em Lisboa, em 1984. É investigador colaborador no Grupo de Investigação de História Militar do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Neste momento, trabalha como Gestor de Impacto Científico no Gabinete de Inovação, Investigação e Estratégia de Impacto (IRIS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa. Iniciou o seu percurso académico em Arqueologia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mais tarde, na mesma faculdade, fez o mestrado em História Militar e o doutoramento em História Contemporânea. Teve uma breve passagem pela Biblioteca do Exército, onde colaborou no estudo do acervo napoleónico. Desde 2017 fez várias conferências e artigos sobre as Guerras Napoleónicas, Napoleão e a Guerra Peninsular.