Historiografia e Res Publica
Organização: Sérgio Campos Matos e Maria Isabel João
Editora: Centro de História da Universidade de Lisboa | Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais da Universidade Aberta
Ano: 2017
ISBN: 978-989-8068-22-4
Disponível em acesso aberto
SINOPSE
Em contacto com as suas congéneres europeias e muito marcada pela herança clássica e cristã, a historiografia portuguesa foi, até meados do século XX, um campo privilegiado de expressão de concepções organicistas, centradas na dicotomia progresso e outros pré-conceitos que têm permeado os discursos sobre a transformação social. Historiadores liberais e positivistas de diversos matizes contribuíram para acentuar estes enfoques. Foram-se, entretanto, afirmando visões críticas do evolucionismo, assinalando-se continuidades mas também rupturas, diferentes expressões de resistência ao positivismo, mediante um debate transdisciplinar que envolveu abertura a outras ciências humanas e múltiplas orientações teóricas: Annales, interpretações marxistas, estruturalismo, linguistic-turn. Pretende-se nesta obra alargar o conhecimento acerca das historiografias e dos historiadores dos séculos XIX e XX – sem esquecer os seus antecedentes e tendências recentes como a história global – nas suas relações com o espaço público e a cidadania, problematizar a sua função social e cultural, tendo em atenção as relações transnacionais e os contextos em que produziram as suas obras. A partir de tópicos-chave, tecem-se balanços críticos sectoriais sobre a historiografia portuguesa, os modos de recepção de debates históricos internacionais, o lugar dos historiadores e a forma como nas suas escritas, da Revolução liberal à actualidade, se estruturaram olhares sobre Portugal na sua relação com outros povos. Em que medida presente e futuro condicionaram a construção social do passado? Qual o horizonte diferencial que os historiadores reconheceram ao passado? Como lidaram com a aceleração das experiências do tempo?
ÍNDICE
Sobre a escrita da história nos dois últimos séculos”
Sérgio Campos Matos e Maria Isabel João
I – HISTÓRIA, TEMPO, CIDADANIA
O historiador na cidade: história e política
Sérgio Campos Matos e Maria Isabel João
Histoire globale, histoire nationale? Comment réconcilier recherche et pédagogie
Christophe Charle
As formas do presente. Ensaio sobre o tempo e a escrita da história
Temístocles Cezar
Continuidades e rupturas historiográficas: o caso português num contexto peninsular (c.1834 - c.1940)
Sérgio Campos Matos
II – DIRECÇÕES DE ESTUDO
Modernização e bloqueios: problemas do desenvolvimento económico na memória histórica
José Luís Cardoso
A história social em Portugal (1779-1974). Esboço de um itinerário de pesquisa
Nuno Gonçalo Monteiro
Espiritualidade e religiões: universos de motivação e de crença
António Matos Ferreira
As migrações na historiografia portuguesa (1779-1974)
Jorge Fernandes Alves
O império e as suas metamorfoses na historiografia
Diogo Ramada Curto
A historiografia no âmbito dos estudos regionais
Maria Isabel João
III - PERIODISMO E HISTÓRIA
História, opinião pública e periodismo
José Augusto dos Santos Alves
Divulgar o conhecimento histórico. As publicações colectivas da ACL sob o liberalismo (1820-1851)
Daniel Estudante Protásio
O contributo d’O Panorama na divulgação histórica em Portugal no século XIX (1837-68)
Ricardo de Brito
Diferentes concepções de história na Vértice durante o Estado Novo (1942-1974)
José de Sousa
Os arquivos do Centro Cultural Português (1969-1993): uma “colectânea erudita” ao serviço da história
Andreia da Silva Almeida
A história de Portugal na Seara Nova: a busca no tempo passado para a construção de um pretendido futuro
Joaquim Romero Magalhães