Historiografia, Cultura e Política na Época do Visconde de Santarém (1791-1856)
Organização: Daniel Estudante Protásio
Editora: Centro de História da Universidade de Lisboa
Ano: 2019
ISBN: 978-989-8068-24-8
Disponível em acesso aberto no repositório da Universidade de Lisboa
SINOPSE
A historiografia portuguesa foi, no dealbar da Época das Revoluções, marcada por práticas culturais e políticas diversas. Entre as lutas revolucionárias e contra-revolucionárias, o erudito e o cronista coexistiam com o historiador amador. O qual reivindicava, tal como os políticos, filósofos e poetas, o papel de religar o passado e o presente, para entender os acontecimentos disruptivos do tempo e antever o futuro das sociedades e da humanidade. O exercício de papéis multifuncionais tornava dúbias, nos indivíduos, as fronteiras entre súbditos e cidadãos, particulares e estadistas, na emissão de opiniões e na tentativa de influenciar os rumos da história. A conjugação de historiografia, cultura e política abre novas e desafiantes visões acerca de uma época plena de ensinamentos para o século XXI. Pretende-se debater diferentes estados da arte na historiografia luso-brasileira, da história dos conceitos e do dicionarismo crítico. Estabelecer um diálogo crítico a propósito do discurso historiográfico do século XIX, da pluralidade dos significados da sua linguagem impressa e da necessidade de cooperação, aberta e constante, entre os estudiosos dos anos de 1828 a 1834. Analisar fenómenos específicos da arte e da religião, para entender como a cultura expressava o que elites e massas populares desejavam fazer perdurar como memória. Destacar vários instrumentos de conhecimento reflexivo, como as análises da construção dos Estados nacionais (em plena efervescência ibérica dos ideais legitimistas), a afinação tipológica de agrupamentos ideológicos miguelistas e a utilização sistemática das fontes diplomáticas manuscritas, para entender as lutas dinásticas ibéricas. Em suma, procura-se pôr à disposição da comunidade científica e do público informações de considerável utilidade, num esforço de elucidação da história política, social e mental daquele tempo.
ORGANIZAÇÃO
Daniel Estudante Protásio. Licenciado em História pela Universidade de Lisboa. Mestre em História Contemporânea pela Universidade de Coimbra (UC). Doutorado em História Institucional e Política Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa. Pós-doutoramento em História pela UC. Investigador integrado do Centro de História da Universidade de Lisboa e investigador colaborador do CEIS20, da UC. Livros publicados: Pensamento Histórico e Acção Política do 2.º Visconde de Santarém, 2016; 2.º Visconde de Santarém (1791-1856): Uma Biografia Intelectual e Política, 2018.
ÍNDICE
Da convergência entre historiografia, teoria da história e história política
Daniel Estudante Protásio
I – HISTORIOGRAFIA
Historia magistra vitae. Ensaio sobre a (in)definição do topos nos projetos de escrita da história do Brasil no século XIX
Temístocles Cezar
José da Silva Lisboa e as narrativas da emancipação brasileira
Valdei Araujo
O conceito de revolução numa guerra de ideias em Portugal: algumas notas sobre linguagem e política (1820-1834)
Ricardo de Brito
Da necessidade de um Dicionário Crítico do Tempo de D. Miguel (1828-1834)
Armando Malheiro da Silva e Daniel Estudante Protásio
II – CULTURA
Uma família de poder e cultura. Em torno do Retrato da Família do 1.º Visconde de Santarém, de Domingos Sequeira
Alexandra Gomes Markl
Uma devoção do miguelismo: Nossa Senhora da Rocha de Carnaxide
Fátima Sá e Melo Ferreira
III – POLÍTICA
La ‘Peninsula das Hespanhas’ y los legitimismos: la última función (1828-1840)
Juan Pan-Montojo e Andrés María Vicent
Moderados e ultras na regência e no reinado de D. Miguel (1828-1834)
Daniel Estudante Protásio
Los últimos meses de Fernando VII a través de la documentación diplomática portuguesa
Alfonso Bullón de Mendoza y Gómez de Valugera