BODY&SOUL. Representações do corpo e da alma em Portugal na Idade Média
EM CONSTRUÇÃO
Estado do Projecto
em curso
Período de actividade
Dezembro de 2022 - Dezembro de 2023
Financiamento
Projectos exploratórios CH-ULisboa
Unidade de investigação
Centro de História da Universidade de Lisboa
Instituição
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável
Armando Norte (CH-ULisboa)
Co-investigador Responsável
Hermenegildo Fernandes (CH-ULisboa)
Equipa de Investigação
Ana Patrícia Estácio (CH-ULisboa); Ana Rita Martins (CEAUL); Angélica Varandas (CEAUL); Beatriz Caldeira (CH-ULisboa); Filipa Afonso (CFUL); Inês Meira Araújo (CH-ULisboa); Joana Couto (CH-ULisboa); José Varandas (CH-ULisboa); Luís U. Afonso (ARTIS); Manuela Santos Silva (CH-ULisboa); Maria Leonor Xavier (CFUL); Rui Miguel Rocha (CH-ULisboa); Sandra Pereira Gama (IESCID)
Consultores
Maria Adelaide Miranda (IEM)
O projeto exploratório BODY&SOUL. Representações do corpo e da alma em Portugal na Idade Média. O imaginário da civilização ocidental em formação tem por objeto de estudo as representações do corpo e da alma na medievalidade em Portugal, a partir das suas materializações na literatura em língua portuguesa e num conjunto representativo de objetos artísticos produzidos na época.
A sua premissa acompanha e sublinha as palavras autorizadas de Jacques Le Goff de que “estudar o imaginário de uma sociedade é ir ao fundo da sua consciência e da sua evolução histórica. É ir à origem e à natureza profunda do homem”. No caso da Idade Média, é também (o acrescento é nosso): seguir em busca dos fundamentos da sociedade ocidental – rumar a tempos e lugares que, como poucos, serviram para forjar a mentalidade do homem do presente.
O ponto de partida do projeto assenta, pois, na evidência de que as representações medievais do mundo ecoaram por muitos espaços e tempos, com reflexos na atualidade, a que se soma o pressuposto adicional de que nenhum dos sistemas de representações da Idade Média se mostrou tão fundo e visceral – e, por isso, deixou tantas marcas no presente –, como a imagem do corpo humano por ela vinculada, e da sua extensão primordial: o gesto – ora contido, ora justo, ora exagerado –, com que o homem sempre expressou exteriormente as suas ações e pensamentos.
À vez, e quantas vezes paradoxalmente, o corpo humano na medievalidade foi sinónimo de cárcere e de liberdade; objeto de mortificações e de celebrações; alvo de afeto e de desdém; tomado como espécime natural ou como metáfora social e religiosa; espaço de sensualidade e de ascetismo; ínfima unidade de medida ou supremo microcosmo; mero revestimento mortal e forma da alma celestial; símbolo do mal e da virtude; substância repulsiva e invólucro do espírito; imagem de Deus e do Diabo.
E, verdadeiramente, “não se pode falar de corpo, sem falar também da alma”, como o afirma, de modo lapidar, Jean-Claude Schmitt. De facto, na Idade Média, isolar a biologia dos círculos concêntricos da religiosidade e da cultura que a cercam, delimitam e representam, é incorrer numa falácia; é falsificar irremediavelmente os dados do problema. Corpo e Alma para os homens da Idade Média, ainda que exprimindo realidades diferentes, não são uma dualidade, mas antes partes da mesma unidade – exatamente da mesma forma que os elementos da Trindade cristã são três pessoas, mas um só Deus: inseparável, uno, consubstancial.