Os Casamentos da Casa Real e a Política Externa Portuguesa (1146-1913)

1.12.2009

Estado do Projecto

Concluído

Período de actividade

2009-2018

Unidade de investigação principal

Centro de História da Universidade de Lisboa

Investigadora Responsável

Ana Leal de Faria (ULisboa)

Equipa de Investigação

Ana Leal de Faria (ULisboa), Adriana Romba de Almeida (ULisboa), Ana Maria S. A. Rodrigues (ULisboa), Ana Paula Antunes (Museu de Lisboa), Andreia da Silva Almeida (ULisboa), António Martins Costa (U. Coimbra), David Nogales Rincón (U. Complutense), Hélder Carvalhal (U. Évora), Isabel Cluny (NOVA-FCSH), Isabel de Pina Baleiras (ULisboa), Isabel Drumond Braga (U. Évora), Julia Korobchenko (ULisboa), Leonardo Carvalho-Gonçalves (Université Paris 1-Sorbonne), Manuela Santos Silva (ULisboa), Nuno de Castro Luís (ULisboa), Patrycja Milczanovska (U. Cracóvia), Paula Rodrigues (ULisboa)

 

 

Os objectivos deste projecto consistem em identificar, listar, recolher, disponibilizar ao público e estudar a documentação referente aos casamentos da Casa Real Portuguesa, desde o consórcio de D. Afonso Henriques com D. Mafalda de Maurienne (1146) até ao de D. Manuel II com D. Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen (1913), quer esses casamentos tenham sido efectivamente realizados quer não tenham sequer passado da fase de negociação. Com isso se pretende lançar uma nova luz sobre a política externa da monarquia portuguesa.

Os casamentos sempre foram um elemento essencial na estratégia de manutenção do poder das casas reais. Com efeito, a estas era-lhes indispensável afastar o risco de extinção biológica e assegurar a continuidade dinástica, privilegiando o casamento de todos os rebentos em detrimento das carreiras religiosas que serviam às famílias da nobreza para colocar as filhas e os filhos em excesso que não conseguiam dotar convenientemente. Mas os casamentos no seio das casas reais tinham também como objectivos estabelecer novas alianças ou reforçar as já existentes, promover a paz ou ainda obter apoios para lançar ou prosseguir guerras. Encarados como contratos como todos os outros, os casamentos dos príncipes revestiam-se de muito maior importância pelas suas repercussões políticas, a nível interno e internacional, o que envolvia sérias ponderações e cuidadosas negociações.

​É neste sentido que o estudo da política matrimonial da Casa Real Portuguesa se nos afigura constituir uma forma privilegiada de abordagem da política externa portuguesa no tempo da monarquia. Com efeito, quer os casamentos projectados e discutidos se tenham efectivado quer não, eles dão-nos a conhecer fases de maior abertura ao exterior ou, pelo contrário, de encerramento do reino sobre si mesmo. As primeiras caracterizam-se pelo reforço dos laços com as famílias reinantes vizinhas e o estabelecimento de relações com casas reais mais distantes que abriam portas para outras áreas de actuação e de negócios. As segundas revelam dificuldades de afirmação da monarquia portuguesa tanto junto das suas congéneres europeias como a nível nacional, pois cede a pressões de uma fracção da nobreza, privilegiando-a em detrimento das restantes, o que virá sempre a causar graves perturbações no futuro. Em ambos os casos, parece-nos importante pesquisar e trazer à luz o que tornou possível o progresso ou o recuo da irradiação de Portugal para além das suas próprias fronteiras.