Seminário de História de África
Voar de regresso a África ou voar para o céu? A disputa na diáspora africana sobre o destino do espírito após o falecimento

7 de Dezembro de 2021

17h00

Sala C135.A (FLUL)

Organização: Carlos Almeida, Eugénia Rodrigues, José da Silva Horta e Philipp Hofmann

Descarregar cartaz

Jeroen Dewulf.Professor catedrático na University of California, Berkeley, onde também é diretor do Instituto de Estudos Europeus e do Centro de Estudos Portugueses. Esta palestra se enquadra num projeto de pesquisa apoiado pela Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento (FLAD) e a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP).

 

Esta palestra apresenta uma nova interpretação das famosas histórias sobre escravos africanos nas Américas voarem de regresso à África, incluindo a lenda que apenas aqueles que evitaram de comer sal conseguiram voar. Rejeita a teoria de que a história teria a sua origem na cultura igba e se relacionaria com suicídio como tentativa desesperada de se libertar da escravidão. Baseando-se em documentos históricos, em combinação de dados etnográficos e linguísticos, Jeroen Dewulf apresenta uma nova teoria, segundo a qual essas histórias têm a sua origem na região do Congo. Dewulf relaciona objecções contra o sal com a expressão quiconga “cúria mungua” (comer sal), que era usada no Congo em referência ao baptismo cristão e argumenta que as histórias de escravos voando de regresso à África se desenvolveram no contexto de disputas na comunidade escrava sobre as consequências do baptismo para o destino do espírito após o falecimento.

 

This presentation presents a new interpretation of the famous folktale about enslaved Africans flying home, including the legend that only those who refrained from eating salt could fly back to Africa. It rejects claims that the tale is rooted in Igbo culture and relates to suicide as a desperate attempt to escape from slavery. Rather, an analysis of historical documents in combination with ethnographic and linguistic research makes it possible to trace the tale back to West-Central Africa. It relates objections to eating salt to the Kikongo expression curia mungua (to eat salt), meaning baptism, and claims that the tale originated in the context of discussions among the enslaved about the consequences of a Christian baptism for one’s spiritual afterlife.