Mutação Urbana na Lisboa Medieval: Das Taifas a D. Dinis
Autor: Manuel Fialho Silva
Editora: Centro de História da Universidade de Lisboa
Ano: 2022
ISBN: 978-989-8068-40-8
Disponível em acesso aberto no repositório da Universidade de Lisboa
SINOPSE
O que resta da Lisboa islâmica e dos primeiros reis de Portugal? Que aconteceu na cidade após a alteração de poder entre cristãos e muçulmanos? Que impacto teve a cidade medieval na cidade posterior? Como se metamorfoseou na Lisboa que hoje conhecemos? Mutação Urbana na Lisboa Medieval: Das Taifas a D. Dinis propõe-se responder a estas perguntas, apresentando propostas concretas sobre a evolução da cidade numa reflexão suportada por mais de uma centena de mapas e ilustrações. Com uma metodologia multidisciplinar, faz-se pleno uso não só do imenso potencial oferecido pelos recentes dados arqueológicos, mas também da cartografia histórica e da produção artística sobre a cidade pós-medieval. A investigação foi ainda complementada por uma extensa pesquisa bibliográfica e documental, que levou à extracção de informação de centenas de documentos medievais. As hipóteses aqui formuladas fundam-se, assim, numa pesquisa inovadora, ampla e fundamentada.
A transição entre o domínio político islâmico e o cristão é um momento de charneira, em que as suas continuidades e rupturas marcam decisivamente a forma urbana da cidade medieval, génese da Lisboa moderna. Desvelando este período, tempo e espaço cruzam-se numa obra que permite observar, acompanhar e compreender a ancestral cidade da foz do Tejo. O urbanismo da Lisboa medieval marcou a imagem de toda a cidade, até meados do século XVIII, sendo então parcialmente reconfigurada com as remodelações pombalinas. Neste livro, demonstra-se que foi na época medieval que se estabeleceu, definitivamente, a direcção ocidental do seu futuro crescimento urbano e que se implantou o centro comercial e social na Ribeira, revelando a intensa vocação marítima da cidade medieval, factores primordiais para a Lisboa das épocas posteriores.
AUTOR
Licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas, mestre em Estudos Clássicos e doutor em História Medieval pela Faculdade de Letras (FLUL) e investigador integrado do Centro de História da Universidade de Lisboa. É investigador do Gabinete de Estudos Olisiponenses da Câmara Municipal de Lisboa desde 2009, onde se dedica ao estudo da história da cidade. A sua investigação tem incidido na evolução urbana de Lisboa nos períodos medieval e quinhentista. Dedicou-se também ao estudo do papel das minorias religiosas na vida urbana, tendo publicado diversos artigos sobre estas temáticas. Leccionou na FLUL em cadeiras nas áreas da olisipografia e da história medieval. Recentemente, a história dos judeus em Portugal tornou-se um tema prioritário na sua investigação. Defendeu a tese de doutoramento em 2017, da qual resultou este seu primeiro livro: Mutação Urbana na Lisboa Medieval: Das Taifas a D. Dinis.
ÍNDICE
NOTAS PESSOAIS
INTRODUÇÃO
PRÓLOGO
1. De Olisipo a Luxbuna
1.1. A malha urbana de algumas cidades do Mediterrâneo antigo
1.2. O sistema viário de Olisipo
1.3. A transição da Antiguidade Tardia para a Idade Média
1.4. Uma proposta para o sistema viário da cidade na Antiguidade Tardia
2. O urbanismo islâmico: do preconceito ao conhecimento
2.1. Velhos preconceitos e novas propostas
2.2. As lógicas do urbanismo islâmico
3. A implantação da rede paroquial
3.1. As paróquias da Lisboa medieval
3.2. Três cenários na fundação paroquial
3.3. A implantação paroquial explicada
3.4. A transmissão dos bens das mesquitas
PARTE I. DA MEDINA À CIDADE
1. Evolução urbana intramuros em patamares
2. O patamar superior
2.1. A cerca urbana e as suas portas
2.2. O sistema viário
2.3. Ordens militares na paróquia de Santiago
2.4. Evolução urbana na paróquia de S. Bartolomeu
2.4.1. O hospital de D. Domingos Eanes Jardo
2.4.2. O Hospital de S. Eutrópio
2.4.3. O Chão da Feira
3. O patamar intermédio
3.1. A cerca urbana e as suas portas
3.1.1. A Porta de Alfama
3.1.2. A Porta Ocidental
3.2. Da mesquita maior à Sé
3.3. A construção da Sé
3.4. O cemitério da Sé
3.5. Estruturas urbanas sob o claustro da Sé
3.6. O edifício público islâmico no local do claustro
3.7. A construção do claustro
3.7.1. A oficina da obra do claustro
3.8. A Capela de S. Bartolomeu
3.9. O adro da Sé e o paço do concelho
3.10. Uma habitação de época islâmica no antigo teatro romano
3.11. Os Brancos: vestígios do suq da medina?
4. O patamar inferior
4.1. A muralha, o rio e a Porta do Mar
4.2. Do Bab al-Madik ao Arco de Jesus
4.3. O Chafariz del Rei
4.4. Os banhos públicos em época islâmica
5. Alguns aspectos globais do espaço intramuros
5.1. Alterações no urbanismo após 1147
5.2. A tipologia da propriedade intramuros (1147-1325)
5.3. Crescimento vertical
5.4. Os espaços não-edificados intramuros
5.5. A cerca velha e os seus responsáveis
6. O espaço intramuros em síntese
PARTE II. A ALCÁÇOVA
1. Modelos e tipologias
2. Antes da Alcáçova
2.1. O cenário urbano no topo da colina no início do século XI
2.2 Uma mesquita no topo da colina
2.3. A possibilidade de uma dar al-Imara
2.4. A densidade urbana no topo da colina
2.5. Os agentes que modelaram a forma urbana
3. Remodelações em meados do século XI
3.1. A criação da Alcáçova
3.2. A construção do castelejo
3.3. O bairro residencial da Praça Nova
3.4. O rawda da Alcáçova
3.5. Os responsáveis pelas remodelações
4. A ocupação almorávida da Alcáçova
4.1. Uma necrópole e pinturas murais no bairro residencial
4.2. A relevância da ocupação almorávida na forma urbana da Alcáçova
5. A alcáçova de Lisboa entre 1147 e meados do século XIII
5.1. A transição pós-1147: continuidades e rupturas
5.2. A Igreja de Santa Cruz de Lisboa
5.3. A propriedade urbana: os actores e o cenário urbano
6. A alcáçova em meados do século XIII
6.1. D. João Peres de Aboim: acção privada na forma urbana da alcáçova
6.2. Acção urbana na Alcáçova: a Igreja de Santa Cruz e a Coroa
7. A alcáçova de Lisboa durante o reinado de D. Dinis
7.1. A gestão da propriedade da Coroa na Alcáçova
7.2. A gestão da propriedade da Igreja de Santa Cruz na Alcáçova
8. A alcáçova em síntese
PARTE III. O ARRABALDE OCIDENTAL
1. O cenário topográfico e a marca do passado
1.1. A influência da orografia e das ribeiras da Baixa na forma da cidade
1.2. As pré-existências romanas
2. O arrabalde ocidental em época islâmica
2.1. Cronologia, dimensão e densidade urbana
2.2. Um arrabalde multifuncional antes e depois de 1147
3. Regressão urbana no arrabalde ocidental
3.1. Do bairro islâmico da Praça da Figueira às “Hortas de S. Domingos”
3.2. De área de armazenamento a paróquia: o caso de S. Lourenço
3.3. Do outro lado do esteiro – Rua do Ouro
4. As judiarias de Lisboa
4.1. A Judiaria Velha/Grande: definição de um espaço e problemáticas
4.2. A reconstituição da Judiaria Velha
4.3. Judiaria Nova: um exemplo de urbanismo planeado
5. A Ribeira de Lisboa: um novo pólo comercial e político
5.1. O suq do arrabalde
5.2. As tendas dos reis
5.3. A deslocalização do centro económico por D. Afonso III
5.4. A Rua da Correaria: uma operação de aquisição régia
5.5. A restruturação urbana da Ribeira no reinado de D. Dinis
5.5.1. A muralha da Ribeira
5.5.2. A Rua Nova e a Rua da Ferraria: Exemplos de planeamento urbanístico medieval
5.5.3. Os quarteirões das Fangas, Carniçarias e Alfândega
5.5.4. Da Torre da Escrivaninha ao Açougue do Pescado: A intervenção de privados na forma da cidade
5.5.5. Os mercados de D. Dinis: As Carniçarias da Ribeira e o Paço da Madeira
6. As estruturas portuárias
6.1. O porto de Lisboa em época islâmica
6.2. Do foral de 1179 ao Paço das Naus de D. Sancho II
6.3. As Tercenas régias de Lisboa
7. A Pedreira: crescimento urbano nos limites do arrabalde ocidental
8. Os conventos no exterior do arrabalde ocidental
8.1. O Convento de São Francisco: no topo da colina
8.2. O Convento da Trindade
8.3. S. Domingos: um convento no vale da Baixa
9. O arrabalde ocidental em síntese
PARTE IV. O ARRABALDE ORIENTAL
1. O cenário topográfico e a marca do passado
1.1. A orografia e a presença romana
2. O arrabalde oriental em época islâmica
2.1. Alfama aristocrática e a invenção de um mito
2.2. Cronologia, dimensão e densidade urbana
2.3. Um arrabalde multifuncional (habitações, olarias, cemitério)
3. O arrabalde oriental entre 1147 e 1325: pólos e periferias
3.1. Continuidades e rupturas urbanísticas na transição do domínio muçulmano para o cristão
3.2. Densidade e tipologia da propriedade urbana do arrabalde oriental
3.3. Pólos de atracção urbana
3.3.1. A Cruz e a Lapa: a propriedade régia no extremo oriental do arrabalde
3.3.2. A Fonte dos Cavalos: o centro na periferia
3.4. As alcaçarias de Alfama
4. As estruturas conventuais do arrabalde oriental
4.1. São Vicente de Fora: o primeiro mosteiro
4.2. Nossa Senhora da Graça: no último limite
5. O arrabalde oriental em síntese
PARTE V. O ARRABALDE DOS MOUROS
1. Pré-existências a norte da cidade
2. A origem da Mouraria: da tradição ao arrabalde novo
3. O urbanismo da Mouraria
3.1 O arrabalde dos mouros: situação topográfica e limites urbanos
3.2. A reconstituição possível da Mouraria no final do reinado de D. Dinis
3.3. Urbanismo islâmico e urbanismo mudéjar na Mouraria de Lisboa
4. A Mouraria em síntese
CONCLUSÃO
FONTES E BIBLIOGRAFIA
ANEXO. PLANTAS GERAIS DE LISBOA: 1147, C. 1250, C. 1325